terça-feira, 28 de agosto de 2012
Uma Longa Caminhada VI
===========================================
fev 08 2011 --------------------------
BOLETIM DO SNA-------------------------
Postado por Maia at 18:51 sob Uncategorized -----------------
Fonte: Boletim do Sindicato Nacional dos Aeronautas
----------------------------------------------------------------------------------
O ano de 2011 começou e o SNA e a Fentac continuam insistindo na busca de um acordo que venha atender aos interesses dos aposentados, pensionistas do grupo Varig, Vasp e Transbrasil, “dos ativos” e do passivo trabalhista. Não desistimos dessa luta!
Fomos surpreendidos com o não julgamento do processo dos sindicatos, que está sob os cuidados do Dr. Maia, na 14ª Vara de Brasília, apesar de estar incluído no Projeto Meta 2 (com prioridade de julgamento) em 2010, fato que não ocorreu. Além disso, o juiz da causa foi convocado para o Tribunal e ainda estamos aguardando a indicação oficial do juiz substituto para dar continuidade ao processo, apesar do ultimo movimento do dia 27/01, que abre prazo para os patrocinadores do fundo Aerus se manifestarem, e das ultimas movimentações jurídicas.
Enquanto isso, no inicio de 2011 a AGU (Advocacia Geral da União) solicitou e pediu vistas ao processo – recurso na ação de defasagem tarifária – que corre no STF. Esse movimento causou preocupação a muitos, mas é absolutamente normal e pode ser positivo. Precisamos lembrar que muitos fatos jurídicos ocorreram durante o ano de 2010, como, por exemplo, a falência da Varig e movimentos no caso de falência da Transbrasil, que mudaram completamente as prioridades no caso de um acordo. Portanto precisamos nos manter alerta e unidos em um único objetivo que é a solução definitiva.
O Aeros, que desde o início da liquidação do plano não distribui mensalmente antecipação de reserva aos seus 330 participantes aposentados e pensionistas, fez mais um rateio de reservas no inicio de 2011. Com relação à ação dos sindicatos referente ao plano Aeros, que também está sob os cuidados do Dr. Maia em Brasília, lamentavelmente a juíza do caso está de licença maternidade até março de 2011 e a falta de juiz substituto não permitiu um maior e melhor desdobramento jurídico da ação. Enfim, as duas ações têm tido todo o acompanhamento jurídico necessário.
Por estas e outras, os sindicatos insistem e buscam convencer e sensibilizar as autoridades da necessidade de um acordo justo para todos. A demora e as dificuldades junto ao Judiciário têm sido um grande desafio e é nossa maior preocupação.
Mais do que nunca as entidades sindicais continuam empenhadas e em contato com as autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em busca da solução definitiva para todos os participantes.
Não podemos esmorecer!!! Fique atento aos boletins do SNA!
20 respostas até o momento
---------------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 08 fev 2011 �s 23:13
Hi Dr. Maia,
aguardamos o desenrrolar dos acontecimentos. Será um ano longo.
Votos de Paz e Saúde Sempre.
--------------------------------------------------------------------------------
===================================================================================
fev 10 2011 ------------------------------
JUÍZA RESPONDE PELA 14ª VARA FEDERAL DE BRASÍLIA
---------------------------Published by Maia under Uncategorized
------------------------------------------------------------------------------------
Conforme comentado anteriormente, o Juiz Federal titular da 14ª Vara Federal de Brasília, onde tramita a ação civil pública que beneficia os participantes do Aerus, foi convocado para o TRF. O Dr. Jamil Rosa de Jesus Oliveira, portanto, está atuando como desembargador federal. O Juiz Federal Substituto daquela Vara, segundo a organização adotada, Doutor Roberto Luís Luchi Demo, atua apenas sobre os processos de final ímpar. O processo que originou a conexão da ação civil pública no caso Aerus era de final par e, portanto, de responsabilidade do juiz titular.
No dia de ontem, quarta-feira, foi confirmado que a Juíza Federal Doutora Ana Paula Martini Tremarin passará a responder pelos processos que até agora estavam sob a responsabildiade do Dr. Jamil, ou seja, do Juiz Federal titular da 14ª Vara.
A partir de agora, portanto, há Juiz Federal destacado para a 14ª Vara, e será o responsável, pelo menos até o mês de agosto, pela condução da ação civil pública do Aerus. Evidentemente, é o primeiro passo para que o processo volte a caminhar. Força e esperança porque as coisas voltaram a andar.
44 responses so far
----------------------------------------------------------------------------------
================================================================================
CASO AERUS
22 fev 2011
Published by Maia under Uncategorized
Na semana passada houve uma reunião importante, envolvendo a Graziella Baggio e o Ministro Gilberto Carvalho. Não publiquei naquele momento porque não sabia se era ou não matéria divulgável ou se o tema era confidencial. Por via das dúvidas, como faço sempre, silenciei. Após, houve nota do Sindicato Nacional dos Aeronautas dando publicidade ao tema. O assunto caminhou, vem sendo tratado na ante-sala do gabinete da Presidenta da República. Isso é muita coisa. É momento de ter esperança.
II
De outra parte, acabamos passando um aperto, que também não divulguei por motivo óbvios. Havia necessidade de dar vistas da documentação que juntamos na ação civil pública do caso Aerus. Saiu o despacho, dando dez dias sucessivos para os réus. E aí nessa expressão estava o problema: como são mais de vinte réus, significa 10 dias para o primeiro, e mais dez para o segundo, e assim até o último. Ou seja, daria mais de 220 dias. Peticionei, ainda na semana passada, explicando essa situação. O processo foi imediatamente despachado pela nova Juíza Federal que está respondendo pela 21ª Vara Federal de Brasília, Doutora Ana Paula Martini Tremarin, que fixou prazo comum de 30 dias para os réus. Absolutamente razoável, mas importante porque o processo não só volto a andar, como voltou pelo caminho certo.
58 responses so far
--------------------------------------------------------------------------------
# carlos augusto fadel santosem 23 fev 2011 �s 11:42
muito bom dia DR.MAIA. com essa decisão da juíza de conceder prazo de 30 dias para todas as partes se manifestarem, qual será o proximo passo a ser percorrido no processo,algumas dessa partes poderá se manifestar contra, daí virem novos prazos, alongando o julgamento, ou está realmente em fase final para julgamento e sentença? grato carlos augusto fadel santos
Resposta – A rigor, há uma decisão, ainda, a ser tomada: é que a PREVIC requereu seu ingresso na ação em substituição à União, conforme previa a lei que a criou. Eu impugnei essa mudança por enteder que “a relação processual já estava estabilizada”, e que os atos são de responsabilidade direta da União. Essa decisão, no entanto, pode ser concomitante à sentença. A rigor, passados os 30 dias de prazo, pode haver sentença imediata ou abertura de pequeno prazo para apresentação de alegações finais. Em outras palavras, há grande possibilidade de julgamento no primeiro semestre.
---------------------------------------------------------------------------------
# S.G.Pinheiroem 23 fev 2011 �s 13:59
Dr.
Já dizeram ,aqui,que sou otimista demais…talvez até seja…mas não consigo ver
de maneira diferente a atidude da Juiza Ana Paula.
Pelo que percebi, o Dr. conseguiu sensibiliza-la , fazendo com
que o prazo fosse encurtado de modo a nos favorecer.Ela está conosco !
Realmente estamos no caminho certo.
“Nós vamos conseguir !!! “
-----------------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 23 fev 2011 �s 14:23
Hi dr. Maia,
não caberia vir ao vosso Blog pela diferença do que achei ser a Vara Federal de responsabilidade da Doutora Ana Paula Martini Tremarin – 14a Vara – visto que o que interessa é que a ilustre Dourora julgará o caso Aerus.
Mas não podia deixar de agradecer a Petra por sua presença marcante, trazendo varios cronistas como é o caso agora do grande Zuenir, que abre uma cronica com o Robim Willians de “Carpe Dien” e a encerra com o grande poeta pernambucano Carlos Pena Filho ( …Então pintei de azul os meus sapatos, por não poder de azul pintar as ruas…). Todos te devemos mais esta, Petra.
Obrigado, votos de Saúde e Paz.Sempre.
----------------------------------------------------------------------------------
# Luiz Almeidaem 16 mar 2011 �s 12:19
Prezados colegas.
Alguém sabe de alguma informação sobre o caso do Aerus,e como está o andamento,do processo da ação civil publica.Se alguem tiver alguma noticia seria bom, pq até agora está um silêncio sobre o caso da ação civil publica.
Abraços.
Resposta – Em 22.03 termina o prazo de manifestação dos réus em relação à documentação que juntamos. Após isso, pediremos abertura de prazo para alegações finais. E aí ocorrerá, se tudo correr bem, o julgamento no primeiro grau, ou seja, da ação civil pública. Se formos vitoriosas, imediatamente é restabelecida a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional.
---------------------------------------------------------------------------------
# Fernando Rochaem 17 mar 2011 �s 19:32
Dr. Maia.
A titulo de orientação, para acompanhamento processual, qual a expectativa de prazo a ser definido pela justiça para as “alegações finais”, após seu pedido de abertura? outros 30 dias? dependerá da juiza? varia pelo tipo de ação ou pelo número de réus? não se tem como prever?
Grato. Se cuide. Abç.
Resposta – Normalmente o prazo é de dez dias. Creio que, nesse caso, 20 dias seria absolutamente razoável.
----------------------------------------------------------------------------------
# Jose Herenioem 25 mar 2011 �s 17:47
Caros Colegas,
Com as devidas escusas, sugiro que copiem o link abaixo e ouçam novamente o assunto abordado, Trata-se de fato pretérito referente a liminar 127, interposta em favor dos dependentes do Aerus, cassada no STF. Apesar do momentâneo desalento, o lembrete relatado nos trouxe fatos os novos e grandes são as expectativas ora nos vislumbram. Renovando ânimos, entendo que merecido enfoque deve ser dado à tarefa que vem empreendendo o nosso bravo e competetente dr. Castagna Maia perante o juízo de 1ª Instância na 14ª Vara Federal, em Brasília, feito auspicioso que tem como autor o valoroso Sindicato Nacional dos Aeronautas. A todos, rogo por animo e esperança muita.
Abrs, José Herênio
http://www.youtube.com/watch?v=toQ0F5qOb2M
---------------------------------------------------------------------------------
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Brasil
fev 19 2011
“Apelo à Pele”
Postado por Maia at 20:38 sob Uncategorized
Não deixes de arrepiar e tremer quando te tocarem
Lábios, brisa ou outra pele.
Pelo apelo de ser pleno
Vale arriscar a própria pele
Apelo à pele
Não te envergonhes ao enrugares pela erosão do tempo
Não te inibas ao te expores frente ao aço ou calibre assassino
Não negues teu calor ao contato qualquer
Pele, abre e recebe o sol por tuas grutas profundas
Não sejas cútis, e resiste ao marketing da “maciez encantadora”
Queima e racha quando te impuserem o trabalho árduo.
Defende-te com calos quando te oprimirem desumanamente
E, por favor,
Ensina ao coração qual o mistério da cicatriz.
Tetê Catalão
22 respostas até o momento
-----------------------------------------------------------------------------------
pelo teto máximo . Obrigada .
# marcio6067em 20 fev 2011 �s 11:53
Hi Dr. Maia, bom dia.
Uma poesia, com votos de Saúde e Paz. Sempre.
Aniversário
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui…
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!…
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!…
15/10/1929
-------------------------------------------------------------------------------------
===================================================================================
Archive for fevereiro, 2011
fev 26 2011
“ÚLTIMOS DIAS”
Published by Maia under Uncategorized
Carlos Drummond de Andrade
Que a terra há de comer,
Mas não coma já.
Ainda se mova,
para o ofício e a posse.
E veja alguns sítios
antigos, outros inéditos.
Sinta frio, calor, cansaço:
para um momento; continue.
Descubra em seu movimento
forças não sabidas, contatos.
O prazer de estender-se; o de
enrolar-se, ficar inerte.
Prazer de balanço, prazer de vôo.
Prazer de ouvir música;
sobre o papel deixar que a mão deslize.
Irredutível prazer dos olhos;
certas cores: como se desfazem, como aderem;
certos objetos, diferentes a uma luz nova.
Que ainda sinta cheiro de fruta,
de terra na chuva, que pegue,
que imagine e grave, que lembre.
O tempo de conhecer mais algumas pessoas,
de aprender como vivem, de ajudá-las.
De ver passar este conto: o vento
balançando a folha; a sombra
da árvore, parada um instate
alongando-se com o sol, e desfazendo-se
numa sombra maior, de estrada sem trânsito.
E de olhar esta folha, se cai.
Na queda retê-la. Tão seca, tão morna.
Tem na certa um cheiro, particular entre mil.
Um desenho, que se produzirá ao infinito,
e cada folha é uma diferente.
E cada instante é diferente, e cada
homem é diferente, e somos todos iguais.
No mesmo ventre o escuro inicial, na mesma terra
o silêncio global, mas não seja logo.
Antes dele outros silêncios penetrem,
outras solidões derrubem ou acalentem
meu peito; ficar parado em frente desta estátua: é um
torso de mil anos, recebe minha visita, prolonga
para trás meu sopro, igual a mim
na calma, não importa o mármore, completa-me.
O tempo de saber que alguns erros caíram, e a raiz
da vida ficou mais forte, e os naufrágios
não cortaram essa ligação subterrânea entre homens e coisas;
que os objetos continuam, e a trepidação incessante
não desfigurou o rosto dos homens;
que somos todos irmãos, insisto.
Em minha falta de recursos para dominar o fim,
entrentanto me sinta grande, tamanho de criança, tamanho de torre,
tamanho da hora, que se vai acumulando século após século e causa vertigem,
tamanho de qualquer João, pois somos todos irmãos.
E a tristeza de deixar os irmãos me faça desejar
partida menos imediata. Ah, podeis rir também,
não da dissolução, mas do fato de alguém resistir-lhe,
de outros virem depois, de todos sermos irmãos,
no ódio, no amor, na incompreensão e no sublime
cotidiano, tudo, mas tudo é nosso irmão.
O tempo de despedir-me e contar
que não espero outra luz além da que nos envolveu
dia após dia, noite em seguida a noite, fraco pavio,
pequena amplo fulgurante, facho lanterna, faísca,
estrelas reunidas, fogo na mata, sol no mar,
mas que essa luz basta, a vida é bastante, que o tempo
é boa medida, irmãos, vivamos o tempo.
A doença não me intimide, que ela não possa
chegar até aquele ponto do homem onde tudo se explica.
Uma parte de mim sofre, outra pede amor,
outra viaja, outra discute, uma última trabalha,
sou todas as comunicações, como posso ser triste?
A tristeza não me liquide, mas venha também
na noite de chuva, na estrada lamacenta, no bar fechando-se,
que lute lealmente com sua presa,
e reconheça o dia entrando em explosões de confiança, esquecimento, amor,
ao fim da batalha perdida.
Este tempo, e não outro, sature a sala, banhe os livros,
nos bolsos, nos pratos se insinue: com sórdido ou potente clarão.
E todo o mell dos domingos se tire;
o diamante dos sábados, a rosa
de terça, a luz de quinta, a mágica
de horas matinais, que nós mesmos elegemos
para nossa pessoal despesa, essa parte secreta
de cada um de nós, no tempo.
E que a hora esperada não seja vil, manchada de medo,
submissão ou cálculo. Bem sei, um elemento de dor
rói sua base. Será rígida, sinistra, deserta,
mas não a quero negando as outras horas nem as palavras
ditas antes com voz firme, os pensamentos
maduramente pensados, os atos
que atrás de si deixaram situações.
Que o riso sem boca não a aterrorize
e a sombra da cama calcária não a encha de súplicas,
dedos torcidos, lívido
suor de remorso.
E a matéria se veja acabar: adeus composição
que um dia se chamou Carlos Drummond de Andrade.
Adeus, minha presença, meu olhar e minas veias grossas,
meus sulcos no travesseiro, minha sombra no muro,
sinal meu no rosto, olhos míopes, objetos de uso pessoal, idéia de justiça, revolta e sono, adeus,
adeus, vida aos outros legada.
33 responses so far
----------------------------------------------------------------------------------
Aqui o aviso. Porque não percebemos? Apenas Paizote acusou algo nos dois poemas que postou. Um de F. Pessoa e um deke mesmo, ambos aqui. O Dr. Maia traz a nós esta obra prima de seu poeta querido.....
E se adiantou em 1 ano o que aconteceria em 13 de janeiro de 2012, uma sexta-feira.
Mas não nos abandonou. Lutou até a extraordinaria vitorta em 13 de julho de 2, que foi comentado por alguem num blog futuro, tamnem uma sexta-feira 13...
---------------------------------------------------------------------------------
# paizoteem 26 fev 2011 �s 21:07
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que ele não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
F.Pessoa
---------------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 27 fev 2011 �s 08:54
Soneto do Desmantelo Azul
Carlos Pena Filho
Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas
E afogados em nós nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço
E perdidos no azul nos contemplamos
E vimos que entre nascia um sul
Vertiginosamente azul: azul.
---------------------------------------------------------------------------------
# paizoteem 27 fev 2011 �s 18:24
Perdão,
Procurei o dia inteiro algumas palavras,
e as que encontrei não traduzem o que sinto.
Como tartaruga que sou, protegido por um casco
com casca grossa,
que disfarça
o que vai por dentro,
pareço estar incólume a dor.
Mas, dói…
É aquela dor do lado de fora…sabe?
A dor da incompetência…
da impotência!
Não dói tanto quanto,
Mas , doi!
Nem no imaginário poético
encontro as palavras certas.
Quiçá no universo religioso,
elas coabitem.
Mas não as alcanço,
estão fora de meu mundo.
Da uma tristeza!
Uma vontade de abraçar.
Abraçar…
Talvez esta palavra diga algo.
Um abraço…
-------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------
Archive for janeiro, 2011
================================================================================
28 responses so far
jan 08 2011
WIKILEAKS, GOVERNO E QUEBRA DA VARIG
Published by Maia under Uncategorized
Enviado por: Petra
__________________________________________
Da FOLHA DE SÃO PAULO
Eleição fez Lula adiar solução para Varig, mostra WikiLeaks
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
O governo Lula prolongou a agonia da Varig por cerca de dois anos, temendo a repercussão negativa que a quebra da companhia provocaria nas eleições de 2006.
A revelação consta nos telegramas enviados pela Embaixada dos EUA em Brasília para Washington e obtidos pelo site WikiLeaks.
Veja como funciona o WikiLeaks
Veja as principais revelações do WikiLeaks
Leia os últimos telegramas sobre o Brasil obtidos pela Folha
A análise sobre a preocupação eleitoral foi construída com base em conversas do embaixador John Danilovich com o vice-presidente e ministro da Defesa na época, José Alencar, e mais fontes não identificadas do Planalto.
O caso Varig é citado em ao menos 13 telegramas. Na maioria, os diplomatas mostram preocupação com temas de interesse das empresas dos EUA de aluguel de avião, como a ILFC e os braços financeiros de Boeing e GE, credores da Varig.
O caso Varig, em especial a condução da venda em leilão judicial, foi considerado “bizantino” pelos americanos, que também ironizaram a incoerência entre o discurso e a prática do governo Lula.
O governo dizia que não ia ajudar, mas prolongava a agonia -por meio das estatais Infraero (que administra aeroportos) e BR Distribuidora (fornecedora de combustível)- ao renovar linhas de crédito ou tolerar a falta de pagamentos.
ELITE
O embaixador Danilovich também conta ter ouvido de fonte palaciana, em dezembro de 2004, argumento que justificaria a atitude de não socorrer a Varig: “Por que um governo liderado por um presidente do Partido dos Trabalhadores deveria subsidiar uma empresa mal administrada que atende a elite (o pobre não tem dinheiro para voar)?”
Os telegramas trazem ainda uma revelação. Segundo o relato de Danilovich, em dezembro de 2004, durante reunião com o vice-presidente da Boeing, Thomas Pickering, Alencar afirmou que uma das soluções em estudo seria dividir a parte boa da Varig entre TAM e/ou Gol.
A Gol não tinha aparecido publicamente como parte de solução em estudo pelo governo. Porém a empresa acabou sendo a solução ao adquirir a Nova Varig, em 2007.
A aquisição evitou, mais uma vez, a falência da companhia, ameaçada pela disputa entre os sócios brasileiros e o fundo Matlin Patterson, dos EUA.
Na conversa, Alencar classificou de “um horror” a situação financeira da Varig. Adiar uma solução para o caso Varig, segundo relatos que o embaixador diz ter colhido, teria outra vantagem, além da questão eleitoral: dar tempo para TAM e Gol se prepararem para assumir as rotas internacionais.
VILÃO
Em 10 de junho de 2005, com a pressão dos credores donos de avião aumentando, Danilovich declarou: “Antevemos que a atual crise rapidamente se tornará muito pública e muito confusa”.
Quatro dias depois, o embaixador era procurado pela Varig, à época liderada por David Zylbersztajn e Omar Carneiro da Cunha, que lhe fez apelo para tentar impedir que a ILFC entrasse com ação de retomada de aviões por falta de pagamento.
Como o embaixador não se comprometeu, em 17 de junho, data em que a ILFC planejava retomar as aeronaves, a Varig entrou em recuperação judicial -ficando protegida do arresto dos aviões.
A ILFC, subsidiária da seguradora AIG, era o credor americano mais aguerrido. A Boeing, parceira antiga da Varig, apoiou o plano. Não por benevolência, mas por questão de imagem.
“Dada a popularidade da Varig no Brasil, a Boeing não queria ficar com a fama do vilão que levou a empresa à falência”, escreveu o encarregado de negócios Philip Chicola em julho de 2005. Esse papel coube à ILFC.
Os informes constam nos milhares de despachos diplomáticos que o WikiLeaks começou a divulgar em novembro. A Folha e outras seis publicações têm acesso ao material antes da divulgação no site da organização (www.wikileaks.ch).
19 responses so far
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
O AR
Published by Maia under Uncategorized
O AR
Vinicius de Moraes
Com a mão contente a Amada abre a janela
Sequiosa de vento no seu rosto
E o vento, folgazão, entra disposto
A comprazer-se com a vontade dela.
.
Mas ao tocá-la e constatar que bela
E que macia, e o corpo que bem posto
O vento, de repente, toma gosto
E por ali põe-se a brincar com ela.
.
Eu, a princípio, não percebo nada…
Mas ao notar depois que a Amada tem
Um ar confuso e uma expressão corada
.
A cada vez que o velho vento vem
Eu o expulso dali, e levo a Amada:
- Também brinco de vento muito bem!
28 responses so far
---------------------------------------------------------------------------------
# Petraem 09 jan 2011 �s 07:40
E agora um poema muito especial de Paul Èlouard ;
Nos meus cadernos da escola
Na minha carteira nas árvores
Sobre a areia e sobre a neve
Escrevo o teu nome
Em todas as páginas lidas
Em todas as páginas em branco
Pedra sangue papel ou cinza
Escrevo o teu nome
Na selva e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
Na memória da minha infância
Escrevo o teu nome
Em cada raio da aurora
Sobre o mar e sobre os barcos
Na montanha enlouquecida
Escrevo o teu nome
Na saúde recuperada
No perigo desaparecido
Na esperança sem lembranças
Escrevo o teu nome
E pelo poder de uma palavra
a minha vida recomeça
Eu renasci para conhecer-te
Para dizer o teu nome
Liberdade.
————————————————————————————————————
Beijinhos carinhosos .
----------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 11 jan 2011 �s 16:54
Hi Dr. Maia,
numa maravilhosa manifestação poética, em que o Verlaine e o Èlouard de Petra traz tantas recodações dos dias de luta, o Milton e o Fernando nos chamam a atenção para o fato de que o seu processo, especificamente o do Aerus, na 14a Vara , caminha decididamente para o final.
Que esperamos seja a nosso favor.
Votos de Saúde e Paz. Sempre
-----------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------
jan 11 2011
PARECE QUE VAI
Published by Maia under Uncategorized
Parece que o ano judiciário começou de verdade. Embora a Justiça tenha reaberto na última sexta-feira, nesta semana é que os temas voltaram a caminhar. Janeiro tende a ser relativamente lento por coincidir com as férias de alguns juízes e procuradores, mas o importante é que, ainda que lentamente, tudo volta a funcionar.
31 responses so far
-----------------------------------------------------------------------------------
# Petraem 11 jan 2011 �s 15:46
Saudades da Varig
Editado por Andréa Haddad em 8/01/2011 às 09:46 hs.
Quase sempre, quando há solenidade importante, com presença de autoridades, aparece um grupo de aposentados da Varig com cartazes afirmando que foram abandonados assim como foi a empresa. Uma série de 13 telegramas da Embaixada americana no Brasil, divulgada pelo Wikleaks, confirma esta de denúncia. Aliás, como grande parte dos vazamentos, trata-se de algo que todos sabiam. O governo hesitou entre salvar a Varig e entregá-la à iniciativa privada. Naquele momento, estava pressionado pela crise do mensalão e se recusou a repassar para a empresa R$1 bilhão, relativo à divida oficial com ela.
A crise aérea, com atrasos , greves de controladores e a incapacidade da Anac foram alguns dos temas dos telegramas críticos. De fato, o governo Lula não respondeu como devia às necessidades do setor. Nem as companhias, que ficam meio escondidas na história, mas também são responsáveis.
Um dos mais interessantes telegramas revela uma fonte do Planalto justificando ideologicamente o abandono da Varig: por que financiar a elite se os pobres andam de ônibus e metrô? Esta fonte não podia imaginar que o setor estava crescendo e os pobres, progressivamente, teriam acesso ao meio de transporte mais rápido. Se a justificativa for sincera, como explicar o foco no trem-bala agora,etapa em que grande parte das populações metropolitanas ainda sofre com o transporte cotidiano?
Foi um erro deixar a Varig morrer. Não sei se resistiria ao novo momento da aviação brasileira. Mas a verdade é que saneada, a empresa teria chance num mercado que cresce 20 por cento ao ano. Os americanos mencionam o mensalão e dúvidas sobre o papel no estado como elementos que inibiram o governo. Os aposentados e funcionários, as vezes, vão mais longe e insinuam que interesses comerciais também tiveram peso. É o tipo de história que ainda levará algum tempo para ser contada com precisão.
Fernando Gabeira é ex-deputado federal e jornalista
————————————————————————————————————
Beijinhos carinhosos .
-------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
jan 15 2011
BALADA PARA MARIA
Published by Maia under Uncategorized
Balada para Maria
Vinicius de Moraes
.
Não sei o que me angustia
Tardiamente; em meu peito
Vive dormindo perfeito
O sono desta agonia…
Saudades tuas, Maria?
Na volúpia de uma flora
Úmida, pecaminosa
Nasceu a primeira rosa
Fria…
Perdi o prazer da hora.
Mas se num momento cresce
O sangue, e me engrossa a veia
Maria, que coisa feia!
Todo o meu corpo estremece…
E dos colmos altos, ricos
Em resinas odorantes
Pressinto o coito dos micos
E o amor das cobras possantes.
No mundo há tantos amantes…
Maria…
Cantar-te-ei brasileiro:
Maria, sou teu escravo!
A rosa é a mulher do cravo…
Dá-me o beijo derradeiro?
— Cobrir-te-ei da pomada
Do pólen das flores puras
E te fecundarei deitada
Num chão de frutas maduras
Maria…e morangos, quantos!
E tu que adoras morango!
Dormirás sobre agapantos…
— Fingirei de orangotango!
Não queres mesmo, Maria?
No lombo morno dos gatos,
Aprendi muita carícia…
Para fazer-te a delícia
Só terei gestos exatos.
E não bastasse, Maria…
E morro nessas montanhas
Entre as imagens castanhas
Da tua melancolia…
13 responses so far
------------------------------------------------------------------------------
# paizoteem 15 jan 2011 �s 12:33
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
A.dos anjos
-------------------------------------------------------------------------------
Benjamim Franklin
# Fernandoem 15 jan 2011 �s 14:27
Autopsicografia:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
-------------------------------------------------------------------------------
# carlos irmaoem 17 jan 2011 �s 08:46
Repassando
Armando Erik de Carvalho e famíliares – in memoriam
Faleceram ontem, vítimas das chuvas desta quarta-feira (12/01/2011) na região Serrana do Rio de Janeiro, Armando Erik de Carvalho, sua esposa Kitty, sua filha Daniela Conolly, o marido de Daniela, Alexandre França, o filho do casal, João Gabriel, e mais três netos de Armando Erik e Kitty, com idades entre 1 ano e 9 anos.
Armando Erik e sua família estavam juntos, pois ontem mesmo Armando completaria mais um ano de vida. Armando, além de um executivo brilhante, foi um pai, esposo e avô de caráter ímpar. Era filho de Erik Osvaldo Kastrup de Carvalho, presidente da Varig entre 1966 e 1979.
Tive o privilégio de conhecê-lo e com ele conviver em seus últimos anos de vida, quando nos tornamos amigos. Armando Erik de Carvalho, juntamente a João Nagy, foram os principais responsáveis pela elaboração do projeto que culminou nos livros “Varig Eterna Pioneira”, e “Varig, 432 Aeronaves” de minha autoria.
O Jetsite entra em luto por três dias, durante os quais não haverá atualizações em seu conteúdo, nossa modesta homenagem aos inesquecíveis membros da família Conolly de Carvalho.
Armando, Kitty, Daniela, seus filhos e netos: convosco estão nossas preces, nossa amizade, nossa eterna gratidão. Vossa luz nos guiará sempre, até o nosso reencontro.
Gianfranco Beting
-------------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 17 jan 2011 �s 17:48
Hi Dr. Maia,
o Carlos irmão nos traz o Blog de Giangfresco Beting com um uma nota de consternação. Sensibilizado, postei uma lembrança do Armando, que peço reproduzir aqui.
“Armando me chega de repente num Blog de nosso advogado da causa Varig/Aerus. Relembro um encontro rápido numa viagem ao Chile, meu caminho para a Ilha Páscoa e o dele para o Tahiti, via Ilha de Pascoa. Uma ida a Valparaiso, um jantar no Sheratom San Cristobal, um vinho chileno e conversas sobre seu pai, Erik de Carvalho, presidente da Varig. Era um jovem marcante e a impressão perdura até hoje. Disse dos conselhos do pai, e um eu guardei: “Respeite sempre o trabalho dos outros”. Dele e dos seus, disse bem o Betting: “Vossa luz nos guiará sempre até o nosso reencontro”.
Obrigado. Paz e Saúde . Sempre,
---------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------
jan 16 2011
DAS EDIÇÕES ESPECIAIS DOS SÁBADOS
Published by Maia under Uncategorized
Para quem passa no blog quase ao acaso, ou para quem não viu a explicação anterior. Aos sábados, o blog publica poesia. Uma, talvez mais, o suficiente para provocar quem está lendo a contribuir com a sua nos comentários.
É que durante a semana tratamos, de regra, de temas áridos: ou questões que dizem respeito ao Judiciário, a eventual julgamento ou precedente, alguma reflexão sobre a máquina judiciária, ou temas da conjuntura, particularmente políticos. Ou seja, são temas pesados. E ficar apenas nos temas pesados nos desumaniza. É como se o tempo todo provocássemos o mau humor das pessoas.
Daí a idéia de, no sábado, publicar algo mais leve, que humanize, que permita aflorar a sensibilidade que, até mesmo por proteção, frequentemente deixamos escondida.
Daí a iniciativa. Daí, também, o agradecimento a quem já provocava a iniciativa postando temas que nos humanizam, que nos tiram da aridez. Essas pessoas – digo “esse amigos” – estão dando contribuições com poemas e reflexões que trazem para essa edição dos sábados. Então, a esses amigos meu agradecimento e meu abraço.
11 responses so far
-----------------------------------------------------------------------------------
jan 22 2011
“PEDRO, MEU FILHO…”
Postado por Maia at 17:12 sob Uncategorized
PEDRO, MEU FILHO…
Vinicius de Moraes
Como eu nunca lutei para deixar-te nada além do amanhã indispensável: um quintal de terra verde onde corra, quem sabe, um córrego pensativo; e nesta terra, um teto simples onde possas ocultar a terrível herança que te deixou teu pai ¾ a insensatez de um coração constantemente apaixonado.
E porque te fiz com o meu sêmen homem entre os homens, e te quisera para sempre escravo do dever de zelar por esse alqueire, não porque seja meu, mas porque foi plantado com os frutos da minha mais dolorosa poesia.
Da mesma forma que eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua.
E porque vivemos tanto tempo junto e tanto tempo separados, e o que o convívio criou nunca a ausência pôde destruir.
Assim como eu creio em ti porque nasceste do amor e crescente no âmago de mim como uma árvore dentro de outra, e te alimentaste de minhas vísceras, e ao te fazeres homem rompeste meu alburno e estiraste os braços para um futuro em que acredite acima de tudo.
E sendo que reconheço nos teus pés os pés do menino que eu fui um dia, em frente ao mar; e na aspereza de tuas plantas as grandes pedras que grimpei e os altos troncos que subi; em tuas palmas as queimaduras do Infinito que procurei como um louco tocar.
Porque tua barba vem da minha barba, e o teu sexo do meu sexo, e há em ti a semente da morte criada por minha vida.
E minha vida, mais que ser um templo, é uma caverna interminável, em cujo recesso esconde-se um tesouro que me foi legado por meu pai, mas cujo esconderijo eu nunca encontrei, e cuja descoberta ora te peço.
Como as amplas estradas da mocidade se transformaram nestes estreitas veredas da madureza, e o Sol que se põe atrás de mim alonga minha sombra como uma seta em direção ao tenebroso Norte.
E a Morte me espera em algum lugar oculta, e eu não quero ter medo de ir ao seu inesperado encontro.
Por isso que eu chorei tantas lágrimas para que não precisasses chorar, sem saber que criava um mar de pranto em cujos vórtices tu te haverias também de perder.
E amordacei minha boca para que não gritasses e ceguei meus olhos para que não visses; e quanto mais amordaçado, mais gritavas; e quanto mais cego, mais vias.
Porque a poesia foi para mim uma mulher cruel em cujos braços me abandonei sem remissão, sem sequer pedir perdão a todas as mulheres que por ela abandonei.
E assim como sei que toda a minha vida foi uma luta para que ninguém mais tivesse que lutar:
Assim é o canto que te quero cantar, Pedro meu filho…
16 respostas até o momento
---------------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 22 jan 2011 �s 20:58
Hi Dr. Maia,
no tema das edições especiais do sabado, deixo aqui algo do imortal Pessoa:
Fernando Pessoa
( Álvaro de campos )
(12-1922)
Olha Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aí de Londres,
embora não sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de
Londres p’ra Iorque, onde nasceste (dizes…
que eu nada que tu digas acredito),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas tão felizes,
Embora não o saibas, que morri…
mesmo êle, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará… Depois vai dar
a notícia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande…
Raios partam a vida e quem lá ande!
Agradeço com votos de Paz e Saúde. Sempre
-----------------------------------------------------------------------------------
Ferreira Gullar
# Freitasem 24 jan 2011 �s 11:36
Amigos sofredores do Aerus
Venho pedir, suplicar, implorar, se quiserem até de joelhos, mas alguém dê alguma notícia, qualquer uma, por pior que seja, sobre a nossa situação que já atingiu o limite do desespero. Não estou mais suportando este angustiante silêncio. Meu Deus, este total e absoluto silêncio está me levando a um estado de depressão do qual eu havia saído pelo simples fato de de vez em quando ler alguma coisa que nos desse esperança. Mas agora não se fala mais nada, silêncio enlouquecedor.
Ninguém fala mais nada sobre o processo de defasagem tarifária, sobre a ação que se encontra na 14.vara, sobre um eventual acordo.
Lembro que um colega escreveu ( creio que José Rezende) que nosso caso ficaria para 2009, 2010, 2011 … 2014. Estou começando a acreditar que ele tenha razão.
Daqui a 3 meses completarão CINCO ANOS de nossa TORTURA. Essa tortura se torna mais grave por se tratar de uma covardia com seres humanos que têm entre 65 e 85 anos de idade. Será que isto aconteceria em outro país? Será que os idosos seriam tão covardemente tratados em países da Europa, nos Estados Unidos ou até mesmo na pobre América do Sul?
Fomos completamente abandonados por Lula. Será que Dilma irá pelo mesmo caminho? Será que estamos destinados a esperar o ano inteiro e em dezembro recebermos uma comunicação do Aerus que deixaremos de receber o pouco que hoje estamos recebendo?
Creio que só resta levantar os olhos para o céu e pedir a Deus que olhe por nós.
--------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------
jan 29 2011
“A BRUXA”
Published by Maia under Uncategorized
A Bruxa
Carlos Drummond de Andrade
A Emil Farhat
Nesta cidade do Rio
De dois milhões de habitantes
Estou sozinho no quarto
Estou sozinho na América.
Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
Anunciou vida a meu lado.
Certo não é vida humana,
Mas é vida. E sinto a Bruxa
Presa na zona de luz.
De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto…
Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem verso de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?
E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
Que entrasse nesse minuto,
Recebesse esse carinho
Salvasse do aniquilamento
Um minuto e um carinho loucos
Que tenho para oferecer.
Em dois milhões de habitantes
Quantas mulheres prováveis
Interrogam-se no espelho
Medindo o tempo perdido
Até que venha a manhã
Trazer leite, jornal, calma.
Porém a essa hora vazia
Como descobrir mulher?
Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
Conheço vozes de bichos,
Sei os beijos mais violentos,
Viajei, briguei, aprendi
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras
Mas se tento comunicar-me,
O que há é apenas a noite
E uma espantosa solidão
Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
Querendo romper a noite
Não é simplesmente a Bruxa.
É antes a confidência
Exalando-se de um homem.
71 responses so far
-----------------------------------------------------------------------------
# marcio6067em 29 jan 2011 �s 19:40
A partida
Vinicius de Moraes
Quero ir-me embora pra estrela
Que vi luzindo no céu
Na várzea do setestrelo.
Sairei de casa à tarde
Na hora crepuscular
Em minha rua deserta
Nem uma janela aberta
Ninguém para me espiar
De vivo verei apenas
Duas mulheres serenas
Me acenando devagar.
Será meu corpo sozinho
Que há de me acompanhar
Que a alma estará vagando
Entre os amigos, num bar.
Ninguém ficará chorando
Que mãe já não terei mais
E a mulher que outrora tinha
Mais que ser minha mulher
É mãe de uma filha minha.
Irei embora sozinho
Sem angústia nem pesar
Antes contente da vida
Que não pedi, tão sofrida
Mas não perdi por ganhar.
Verei a cidade morta
Ir ficando para trás
E em frente se abrirem campos
Em flores e pirilampos
Como a miragem de tantos
Que tremeluzem no alto.
Num ponto qualquer da treva
Um vento me envolverá
Sentirei a voz molhada
Da noite que vem do mar
Chegar-me-ão falas tristes
Como a querer me entristar
Mas não serei mais lembrança
Nada me surpreenderá:
Passarei lúcido e frio
Compreensivo e singular
Como um cadáver num rio
E quando, de algum lugar
Chegar-me o apelo vazio
De uma mulher a chorar
Só então me voltarei
Mas nem adeus lhe darei
No oco raio estelar
Libertado subirei.
-------------------------------------------------------------------------
# Sylvio C Araujoem 30 jan 2011 �s 15:10
If (Se) de Rudyard Kipling
Se és capaz de manter a calma quando
Toda a gente ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De acreditares em ti quando todos duvidam
E para esses no entanto encontrares uma desculpa;
Se és capaz de esperares sem desesperares,
Ou enganado, não mentires ao mentiroso,
Ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não pareceres bom demais ou pretensioso;
Se és capaz de pensares, sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratares da mesma forma esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de veres mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem ainda pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única jogada,
Tudo quanto ganhaste na tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, voltares ao ponto de partida;
De forçares o coração, nervos, músculo, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: ”Persiste”,
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perderes a naturalidade,
E, de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!
-----------------------------------------------------------------------------
# Neria de O.Alvesem 02 fev 2011 �s 14:44
Dr, Maia, boa tarde
O sr.pode nos dizer alguma coisa? Até quando vamos viver nesse silêncio total?
---------------------------------------------------------------------------------
ligadas à antiga Varig! Num golpe de caneta tudo poderia ir para o espaço. Com este tipo de STF.
# marcio6067em 02 fev 2011 �s 18:06
Hi Dr. Maia,
por uma sincronicidade, vejo aqui a pergunta de Neria Alves, que foi esposa de meu inesquecível amigo Rubens Alves, conhecido de todos na Varig como Rubinho e que permanece conosco que com ele convivemos, eternamente vivo e presente em qualquer brinde que seja feito nos bares que frequentamos, pois que partiu de repente, como na poesia que coloquei aqui no inicio. E isso tem vinte anos.
Como levar paz e confiança a Neria neste início de ano?
Posso dizer duas coisas: Primeiro que o processo da DT deverá ser analizado pelo Supremo e pedidos específcos foram feitos a Ministra Relatora, Dra. Carmén Lúcia, em dezembro e agora em janeiro, para encaminhar o mesmo à julgamento.
Segundo, que o Juiz responsável pelo caso Aérus, que tem na sua defesa o Dr. Maia, tem conhecimento de nossos pedidos de acolher a demanda de agilidade neste julgamento, feita pelos Ministros do STF, quando negaram a nossa vitória no julgamento da SL mas disseram que acolheriam a decisão da 14a Vara da Justiça Federal em Brasília. A vitória do Dr. Maia neste julgamento é a nossa vitória.
É o que temos Néria. E temos muito. Pois a Justiça dará o seu pronunciamento este ano, quem sabe mais breve do que muitos esperam. E quem sabe este pronunciamento seja favorável aos sofridos ex-funcionários e dependentes do Aerus?
Tenha fé. Tenha certeza que o Dr. Maia faz tudo que é possível para a boa solução desta materia. Dispende tempo e saúde nesta causa. E escuta e acolhe com benevolencia as nossas demandas. Compreende tua angustia, que é a de todos nós.
Obrigado pelo espaço Dr.Maia. Votos de Paz e Saúde. Sempre.
-------------------------------------------------------------------------------
# Roberto Santannaem 03 fev 2011 �s 08:21
Bela mensagem Marcio6067, que conforta não apenas a Néria mas todos que sempre aguardam notícias desse nosso doloroso caso. Obrigado.
Dr. Maia, saúde e um bom dia.
------------------------------------------------------------------------------
# Petraem 05 fev 2011 �s 06:01
Bom dia , dr. Maia !
Ainda por conta dos extertores da minha última gripe/virose , continuo sem voz física , só saem da garganta alguns sons estarrecedores , pobre Sophie , quando a chamo ela sai correndo , sem entender o que aconteceu com a voz da sua dona .
Mas , isto não me impede de postar um dos poemas mais conhecidos , por conta do filme no qual ele é citado ( 4 casamentos e um funeral ) . Apesar de ser muito triste , não deixa de ser bonito . Tentarei encontrar algo mais alegre até o final do dia , para compensar esta tristeza toda …
FUNERAL BLUES (1936)
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.
W.H. Auden
§
BLUES FÚNEBRE
Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Impeçam o cão de latir com um osso enorme,
Silenciem os pianos e ao som abafado dos tambores
Tragam o caixão, deixem as carpideiras carpir suas dores.
Deixem os aviões aos círculos a gemer no céu
Rabiscando no ar a mensagem Ele Morreu,
Ponham laços crepe nas pombas brancas da nação,
Deixem os sinaleiros usar luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste,
Minha semana de trabalho, meu Domingo de festa
Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: foi ilusão.
As estrelas já não são necessárias : levem-nas uma a uma;
Desmantelem o sol e empacotem a lua;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Porque agora já nada de bom me resta.
———————————————————————————————————–
Dr. Maia , por aqui no momento , acaba de nascer um sol glorioso , o mar calminho , um barquinho à vela saindo , e um enorme transatlântico chegando , cheiro de sal,mar e areia , dia de …. rede , aguinha de côco , tertúlias poéticas , encontros amenos .
Lhe mando sua dose diária de abraços e beijinhos recheados de saúde , paz e bem querer .
-------------------------------------------------------------------------------
O poema é de ....Auden......
--------------------------------------------------------------------------
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário