sexta-feira, 24 de julho de 2009

Para Celeste

PARA CELESTE
Published by Maia at 2:18 pm under Geral


Poema de Natal

Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

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Abra-o e você entenderá. Se tivesse um fundo musical seria aquele que você sabe de cor, do João Bosco e Aldir Blanc, com versos a dizer "...Mas sei, que uma dor assim pungente, não há de ser inultilmente..."
Dona Celeste, com este nome, já fazia um pouco do céu aqui na terra.E nos fez ser melhores.

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